Por ano, os professores da educação básica do
país faltam cinco dias às aulas, apenas por causa de problemas na voz. Nas
demais profissões, a média de ausência não chega a um dia.
A conclusão está em um levantamento nacional,
com 3.265 pessoas, feito pelo Centro de Estudos da Voz, pelo Sinpro-SP
(sindicato dos professores da rede particular) e pela Universidade de Utah
(EUA). Os dados consideram a rede pública e a privada. Também foram ouvidos profissionais
fora do magistério.
Segundo as autoras da pesquisa, apesar de a
docência naturalmente exigir mais da voz do que a maioria das atividades, a
diferença está muito acentuada e poderia diminuir, com medidas tanto dos
professores quanto dos colégios.
“Não dá mais para adiar ações, tanto por parte
da rede privada quanto dos governos”, diz a coordenadora do estudo, Mara
Behlau. Segundo ela, é a primeira pesquisa nacional quantitativa sobre o tema.
Entre as medidas, Behlau sugere a aquisição de
microfones para os professores e melhorias acústicas das salas de aula.
“O gasto com contratações deve superar o de
adequações física das escolas. Sem contar a frustração do professor de não
conseguir exercer sua profissão”, afirma.
Sem voz
Com apenas quatro anos no magistério, Daniela
Faustino de Oliveira, 23, diz já sentir desgaste. “Vivo sem voz ao final do
dia. As salas são numerosas e não têm boa ventilação. Por isso, as janelas
ficam abertas, o que aumenta o barulho. É difícil competir”, afirma Daniela,
que leciona em escola particular da zona leste de São Paulo.
Algumas vezes, ela diz que muda a programação da
aula porque está sem voz. Em vez de explicar oralmente, passa todo o conteúdo
na lousa e só tira algumas dúvidas.
“A situação em que o professor precisa mudar sua
aula apareceu muito nas entrevistas”, afirma a fonoaudióloga Fabiana Zambon,
uma das autoras do levantamento. “É comum a aula ser trocada por vídeo ou
seminário. Ou seja, mesmo que não falte, ele perde rendimento”, diz.
Zambon diz que uma das dificuldades é que os
professores têm pouco conhecimento para diminuir o problema. Algumas das
sugestões são beber água durante as aulas e não falar escrevendo na lousa (o
volume precisa ser mais alto, e o pó do giz vai para a garganta).
Os problemas mais citados pelos professores na
pesquisa foram garganta seca (45% disseram ter), rouquidão (41,2%) e cansaço
vocal (36,9%). No restante da população, os porcentagens foram 21,4%, 14,8% e
11,7%, respectivamente.
Fonte: Fábio Takashi - Folha de S.Paulo
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