segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Respiração Oral

   A Fonoaudiologia tem como um de seus objetivos o restabelecimento das funções respiratórias, mastigatórias, atos de deglutição e fala, visando o equilíbrio miofuncional. O trabalho do fonoaudiólogo visa sobretudo prevenir, habilitar ou reabilitar estas funções. Entre as funções estomatognáticas, a respiração exerce função vital, além de propiciar o desenvolvimento e crescimento crânio-facial.
 
   Ela deve ser nasal, mas nem sempre isso é possível devido a alguns impedimentos. Dentre eles podemos citar:
- hipertrofia de amigdalas e adenóide;
- rinite;
- bronquite;
- sinusite.
 
   Quando ocorre algum destes impedimentos, observa-se obstrução das vias aéreas superiores fazendo com que o indivíduo necessite respirar pela boca.
 
   É importante interceptar a presença da respiração oral tão logo seja percebido o processo, encaminhando o paciente, sempre que possível, para o tratamento multidisciplinar.
 
   Esse tratamento compete ao alergista, otorrinolaringologista, dentista, ortodontista e fonoaudiólogo.
 
   É muito importante estarmos atentos às características do respirador oral. São elas:
  • Apresenta face alongada, caracterizada pelo aumento da altura da metade inferior do esqueleto dentofacial;
  • Apresenta olheiras devido à diminuição da drenagem linfática;
  • Possui as asas do nariz hipodesenvolvidas;
  • Apresenta mau hálito;
  • À noite, seu sono é agitado, baba e ronca;
  • É sonolento, apresenta, muitas vezes, déficit de atenção, concentração e dificuldade de aprendizagem devido à falta de oxigenação no cérebro;
  • Apresenta rendimento físico diminuído;
  • É inapetente, porque o ato de se alimentar gera esforço e cansaço;
  • Prefere líquidos e pastosos, porque não requerem trabalho mastigatório;
  • Na criança, a respiração oral reduz o estímulo de crescimento do terço médio da face, levando à formação de palato em ogiva, hipodesenvolvimento lateral da arcada dentária superior, com conseqüente aumento ântero-posterior da mesma e protrusão dos dentes;
  • Apresenta postura corporal incorreta.
   Podemos observar que os efeitos da respiração oral são bastante nocivos e podem deixar sequelas na musculatura e nas funções de mastigação, deglutição e fala. A musculatura dos lábios, língua e bochechas torna-se hipotônica e por isso, essas estruturas funcionarão de maneira inadequada e menos eficiente nas funções de mastigação, deglutição e fala. O indivíduo que respira pela boca não consegue vedar os lábios devido ao tônus dos mesmos estar diminuído ou devido à oclusão dentária que não possibilita o vedamento labial. Às vezes, a mastigação pode apresentar-se unilateral, o que pode causar mordidas cruzadas; a deglutição será atípica, isto é, com projeção de língua entre as arcadas dentárias; a fala poderá estar alterada devido à hipotonia dos órgãos fonoarticulatórios e ao posicionamento incorreto de língua.
 
   Nestes casos, o tratamento fonoaudiológico tem como objetivo, principalmente, a conscientização por parte da família da necessidade da adequação da respiração. Em um segundo momento, o trabalho muscular necessário será realizado através de exercícios que adequarão a tonicidade e postura dos órgãos fonoarticulatórios, além de adequar as funções de mastigação, deglutição e fala.
 
   O respirador oral quase sempre apresenta algum tipo de alteração dentária a qual denomina-se má oclusão que pode ser biprotrusão de arcadas dentárias, mordida aberta, mordida cruzada, classe II, entre outras. Então, o indivíduo necessitará, em determinado momento, do tratamento ortodôntico que, provavelmente, será realizado em conjunto com o fonoaudiológico.
 
   É importante ressaltar que alguns pacientes pós-tratamento com otorrino e/ou alergista, que não apresentam mais impedimento orgânico para a respiração nasal, mas continuam sendo respiradores orais (respiração oral por hábito), também deverão realizar terapia fonoaudiológica a fim de aprenderem a utilizar o nariz para respirar.
 
   Pode ser revertido o quadro da respiração oral possibilitando melhores condições de vida futura ao paciente através do tratamento multidisciplinar.
 
Fonte:www.abcdasaude.com.br

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