O que uma pessoa que gagueja sente ao
gaguejar?
Os sintomas e as sensações são muito
variáveis. Falando especificamente dos sintomas externos, a pessoa sente tensão
muscular (no caso dos bloqueios) ou sente que não consegue mexer a língua ou os
lábios (no caso dos prolongamentos e das repetições).
Além disso, a pessoa também pode sentir vergonha, raiva ou frustração por não conseguir falar como deseja.
Além disso, a pessoa também pode sentir vergonha, raiva ou frustração por não conseguir falar como deseja.
Quantas pessoas que gaguejam existem
no mundo?
Aproximadamente 1% das pessoas
gaguejam. No mundo, são 60 milhões e no Brasil, são 1 milhão e seiscentos mil.
As pessoas que gaguejam não são mais
tímidas e inseguras?
Fatores psicológicos como timidez e
insegurança podem contribuir para o aparecimento da gagueira, mas eles
isoladamente não podem ser considerados como a única causa da gagueira. Também
está correto dizer que timidez e insegurança são conseqüências da gagueira: a
pessoa fica insegura, porque sabe de suas dificuldades na hora de falar.
Uma pessoa não começa a gaguejar
depois que leva um susto muito forte?
Isso é um mito. Com os estudos
científicos atuais é possível afirmar que a gagueira é causada por fatores
genéticos, orgânicos, sociais e psicológicos, como foi dito na questão
anterior. Outro mito que ainda persiste, é que a pessoa gagueja porque é
nervosa, ansiosa; a ansiedade pode contribuir para o aparecimento e a
perpetuação da gagueira, mas só ela não é causa.
Quais são as outras doenças que podem
coexistir com a gagueira?
As outras doenças que podem coexistir
com a gagueira são principalmente do âmbito psiquiátrico, como transtorno
depressivo, fobia social, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno
bipolar e risco de suicídio.
Quais são os problemas que a gagueira
pode causar a uma pessoa?
Nós utilizamos a fala durante boa
parte de nosso dia e para atingir objetivos específicos, como: transmitir
informações, exercer influência e poder, oferecer soluções para problemas,
cultivar o humor, refletir sobre a estética dos ambientes, estimular o
pensamento. Uma pessoa que gagueja tende a falar menos e isso interfere
quantitativa e qualitativamente nos objetivos atingidos. Vamos exemplificar. No
ambiente de trabalho, se a pessoa fala menos, seus colegas e chefes poderão não
saber quais são seus verdadeiros interesses (o que pode comprometer o cargo que
a pessoa ocupa), ela pode não defender seus pontos de vista (fazendo com que
colegas e chefes não saibam o quanto ela pode ser inteligente e coerente), pode
não conviver socialmente com os colegas como gostaria (sendo considerado “o
isolado”): isso tudo pode interferir direta ou indiretamente na remuneração
financeira da pessoa que gagueja. No ambiente escolar, a pessoa que gagueja
tende a participar menos durante as aulas, tende a não gostar de leituras em
voz alta e provas orais, o que interfere em suas notas e no desenvolvimento de
seu potencial. No ambiente familiar, a pessoa que gagueja pode participar pouco
das decisões familiares e pode discutir menos sobre situações que a desagradam,
fazendo com que se sinta frustada. Com esses exemplos, é possível perceber que
a gagueira pode afetar muito negativamente a vida de uma pessoa.
Que problemas a gagueira pode causar
para quem convive com um gago?
Basicamente dificuldades durante a
interação face-a-face ou por telefone, principalmente em interlocutores que
ficam muito ansiosos ao ouvir uma fala gaguejada.
O comportamento das pessoas pode
piorar a gagueira de alguém?
Sim. Interlocutores que apressam a
pessoa que gagueja para falar, que desaprovam a fala gaguejada, que não prestam
atenção à fala ou que completam as palavras que a pessoa não está conseguindo
dizer podem piorar momentaneamente o nível da gagueira. Não tomando essas
atitudes, o interlocutor já está ajudando a pessoa que gagueja.
As pessoas que gaguejam são menos
inteligentes?
Não, a inteligência de quem gagueja
costuma ser dentro dos limites da normalidade.
Como se faz o diagnóstico?
Ainda não existe um método
diagnóstico padrão usado mundialmente, mas esforços estão sendo feitos para que
um protocolo comum seja utilizado por todos os profissionais que lidam com
gagueira. Entretanto, o diagnóstico é feito através da contagem de quantas vezes
em que a pessoa gagueja durante um certo tempo (5 minutos, por exemplo), quais
os tipos de disfluências presentes na fala, se há ou não tensão e movimentos
associados, análise do ritmo e da naturalidade da fala, descrição das
percepções físicas da pessoa que gagueja durante sua fala, histórico de saúde e
história familiar.
A partir de que idade o diagnóstico
pode ser feito?
As crianças começam a falar por volta
de 1 ano; se elas começarem a falar gaguejando e se o comportamento não
desaparecer depois de 6 meses, a gagueira já pode ser diagnosticada. Portanto,
os diagnósticos mais precoces situam-se por volta de 1 ano e meio.
Existe tratamento?
Sim, vários. Os de linha
fonoaudiológica tendem a enfocar a aprendizagem motora de técnicas a serem
usadas durante a fala. Os de linha psicológica tendem a focar os aspectos
emocionais que interferem na fala da pessoa que gagueja. Nas duas linhas
existem bons tratamentos. A eficácia do tratamento depende da base teórica que
o fundamenta, do profissional que o aplica e também da pessoa que gagueja (em
termos do seu empenho ao tratamento e do quanto de participação genética e
psicológica existe na gagueira daquela pessoa em particular). É bom lembrar que
os tratamentos das duas linhas se complementam. Existe, no entanto, poucos
profissionais especialistas no tratamento da gagueira.
Toda pessoa que gagueja precisa se
tratar?
Não. A opção pelo tratamento depende
do nível de gravidade da gagueira, sendo que pessoas que apresentam um nível
leve podem não achar o tratamento necessário, e do quanto o indivíduo acha que
a gagueira prejudica sua vida, o que tende a estar diretamente relacionado ao
nível da gagueira. Convém lembrar que algumas pessoas não se tratam por
dificuldades financeiras.
Fonte: Abragagueira