segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Distúrbio na voz faz professores procurarem fonoaudiologia

Problemas na voz são uma das principais causas de afastamento dos docentes.
Segundo o conselho federal, isso acontece por causa do uso excessivo das cordas vocais.



Professora da rede pública de São Paulo há 19 anos, Marciley Lambert Nikolaus, 39, precisou de acompanhamento específico com um fonoaudiólogo durante quatro meses para tratar de um distúrbio na corda vocal, provocado pelo "mau uso" da voz em sala de aula. À época, Marciley cumpria uma carga horária de 34 aulas semanais: todas em classes lotadas da rede pública de ensino.

"Isso aconteceu em 1998. No começo, eu ficava rouca às sextas-feiras. Depois, comecei a perder a voz às quintas-feiras. Chegou uma época em que eu já não conseguia mais falar às quartas-feiras. Não tinha mais pique e minha voz ficava completamente cansada. Fiquei completamente afônica e resolvi procurar um médico", contou a professora.

Após uma série de exames, o médico constatou que havia uma fenda nas cordas vocais da professora, uma espécie de arranhão. E prescreveu fonoaudiologia durante quatro meses para que ela pudesse se recuperar. "Fiquei afastada durante uma semana. Depois continuei fazendo fono e dando aulas, seguindo as orientações que recebi. De fato, acho que falta informação para os professores, mas também é muito complicado conseguir assistência", disse Marciley.

Segundo dados do Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa), confirmados pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), os distúrbios da voz são uma das principais causas de afastamento e pedidos de licenças-médicas dos professores.

De acordo com a professora Juçara Dutra Vieira, presidente do CNTE, um levantamento feito pela entidade com cerca de cinco mil professores de dez estados brasileiros apontou que 22% dos professores já tiveram ou estão em licença-médica para tratar problemas de saúde, entre eles os distúrbios da voz , varizes, problemas de coluna e estresse.

"Os problemas da voz afetam demais os professores. Cada licença-médica significa cerca de três meses fora da sala de aula. Isso causa um desfalque no sistema e é um problema difícil de controlar. Os professores falam muito, cada vez mais alto, forçando cada vez mais a voz. E há pouca assistência na rede pública de saúde nesse sentido", disse a professora Juçara.

De fato, segundo o conselho federal, o atendimento de fonoaudiólogos na rede pública é limitado. "Hoje o atendimento hospitalar é mais direcionado para atender pacientes com seqüelas de algumas doenças, como derrames, por exemplo. A nossa proposta é criar núcleos de atenção à saúde para atender casos de baixa, média e alta complexidade. Trabalhar com a prevenção e não apenas com a recuperação", afirmou Maria do Carmo Coimbra de Almeida, presidente do conselho.

Fonte: g1.globo.com

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